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Mostrando postagens de 2013

Esperança.

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"[…] pois só a justa medida do tempo dá a justa natureza das coisas.” Raduan Nassar, em “Lavoura arcaica”.

'Havia um fim entre nós'

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Antes de qualquer coisa não pense que isso é um mérito seu, não te esquecer foi minha escolha. Honro minhas lembranças, não desprezo o tempo que dediquei para alguém, não ignoro os poemas que li, não esqueço os sonhos que tive. Na verdade, não tem nada a ver com você, tem a ver com nós. Eu e você separados somos planos diferentes. (...) Não irei jogar pela janela os minutos que construí olhando para você, nem vou apagar tua voz abafada debaixo das cobertas das madrugadas, não (...) vou tentar acabar com o espaço que sobrou na sua ausência. Quando penso em você quase nada abala. Dói mais quando penso em nós. E quando penso em nós ainda te amo, por isso não vou trocar teu nome seguido de amor no telefone, pois ainda me incomoda a possibilidade de que encontre alguém melhor, porque ainda me desconcerta a ideia que você possa se abrir para outra pessoa.(...) A felicidade brilha, resplandece no vocabulário. Tem lugar garantido no dicionário, nos sonhos, nos projetos de

Vinicius....

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Ouve como o silêncio  Se fez de repente  Para o nosso amor  Horizontalmente ...  Crê apenas no amor     E em mais nada  Cala; escuta o silêncio     Que nos fala  Mais intimamente; ouve     Sossegada  O amor que despetala     O silêncio...  Deixa as palavras à poesia ...

Do dia.

E às vezes, a gente nem precisa de muito pra ser feliz: Chuva.  Livro bom. Café quentinho. Abraço da tia. Sorriso do sobrinho. Um ipê ( amarelo) na janela.

Irreversível .

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 Certa vez me perguntaram se gostaria de tatuar algo no meu corpo.  Eu respondi: “De irreversível em mim já bastam minhas lembranças. — Augusto Barros 

Da memória.

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Não há memória mais terrível  do que a pele.. A cabeça pensa que esquece.. O coração sente que passou.. Mas a pele arde, invulnerável ao tempo... (Inês Pedrosa)

Indiferente.

Nunca ninguém sabe se estou louco para rir ou para chorar… Por isso o meu verso tem essa quase imperceptível tremor... A vida é triste, o mundo é louco! Nem vale a pena matar-se por isso. Nem por ninguém. Por nenhum amor… A vida continua, indiferente! -Mario Quintana - (In: A Cor do Invisível p. 882 [2] )

Indócil.

Porque acordei indócil e nem lamento mais o fato de alguém fazer da própria vida um circo de traumas e querer que os outros façam parte do espetáculo de horror, mentira e mesquinhez que inventou para justificar a fraqueza de não saber amar de verdade,  para justificar a própria falta de maturidade e escamotear o alvoroço de sentir-se emocionalmente instável.   

De Capitu ...

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"Não soltamos as mãos, nem elas se deixaram cair de cansadas ou de esquecidas. Os olhos fitavam-se e desfitavam-se, e depois de vagarem ao perto, tornavam a meter-se uns pelos outros… Padre futuro, estava assim diante dela como de um altar, sendo uma das faces a Epístola e a outra o Evangelho. A boca podia ser o cálix, os lábios a patena. Faltava dizer a missa nova, por um latim que ninguém aprende e é a língua católica dos homens. Não me tenhas por sacrilégio, leitora minha devota a limpeza da intenção lava o que puder haver menos curial no estilo. Estávamos ali com o céu em nossas mãos, unindo os nervos, faziam das duas criaturas uma só, uma só criatura seráfica. Os olhos continuaram a dizer cousas infinitas, as palavras de boca é que nem tentavam sair, tornavam ao coração caladas como vinham…" Machado de Assis

Olhos nos olhos....

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Da amizade.

Tenho me assustado com a maldade e também muito com a bondade excessiva. Não compreendo pessoas que forçam as coisas, as situações para se mostrarem agradáveis, prestativas.  Assusto-me mais ainda com aquelas pessoas que tratam o outro como mercadoria . Amigo é objeto de posse. Cerceada a liberdade , o amigo não pode mostrar sintonia de afinidades com outra pessoa. Certamente ele foi roubado de forma fria e calculista por outrem. Certamente, ele também não tem vontades, não sente e não pensa. É gente ou robô?  Amigos escolho não pela idade, mas pela singularidade de alma. E por eles sou escolhida. É questão de encontro, de estar dentro. De ser verdade antes e sempre. E de perceber o outro com sangue na veia e tudo – não apenas como refúgio para descanso dos meus dilemas e fraquezas. Quem diz o contrário, muito está por fora.  e Dificilmente segura 'um olhar que demora'.

Da Alma.

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Esquisito o que vou dizer: a alma é uma biblioteca. Nela se encontram as estórias que amamos. Romeu e Julieta, Abelardo e Heloísa, O paciente inglês, As pontes de Madison, Amor nos tempos do cólera, A menina e o pássaro encantado. As estórias que amamos revelam a forma do nosso desejo. Rubem Alves in “O AMOR QUE ACENDE A LUA – Aos Apaixonados”

Só sei ...

Ele queria explicar a nossa história. Eu também queria entender. Tanto tempo,   tantos encontros e ainda não descobrimos as razões. Por que gosto dele? Talvez por causa da calma bonita bordada em sua  voz,  por suas falas, que sintonizam tanto com as minhas (...) Talvez a causa esteja nos efeitos líricos que me assaltam todas as vezes que o vejo e na poesia que nos anuncia, sempre-e-tanto? Não sei. Quem sabe seja por causa daquela delicadeza que  exala quando  fixo nele o meu olhar,  e percebo um quê de abando em seus olhos e ainda,  aquela fragilidade escondida que só eu vejo..  Talvez ame os  medos que ele nem sabe, mas sente. Estar com ele é sempre como atravessar-me. É andar por Sevilha. É estar no  Pont des Arts . Quem sabe  eu goste dele por alguma coisa muito mais simples. Talvez porque meu acolhimento  alcança e abraça sua melancolia. Talvez porque abraçando, sinto abraçada a solidão que é só minha. Não sei. Não. .. Desconfio que também não seja por

Quero.

Quero o primeiro bom-dia.  E poesia compartilhada como presente. Quero ir às compras todo fim de mês.E as suas  palavras mais acertadas para a minha coragem. Quero um abraço teu em meio à chuva.  Quero ainda aprender a cozinhar. Dividir o sofá e ver o jogo do SPFC , quero levar o cachorro que nem tenho para passear, quero mãos dadas, quero ver um filme , quero nem ver o tal filme. Quero ler . Que o livro também nos seja uma forma de comunhão. Quero a doce certeza de que ao estender as mãos encontrarei as tuas, quero telefonemas inesperados, recadinhos na geladeira e sms que anunciem cuidado. Nada de  flores, apenas um ipê-roxo na nossa janela. Quero estender a toalha da mesa enquanto você põe os pratos, quero um vinho tinto, quero você a tocar violão, quero contar da minha infância, quero ouvir sobre o seu dia, quero entrelaçar os dedos, quero velar o teu sono, aparar em teu corpo a nossa eternidade até a próxima manhã. e a próxima. e a próxima... sem cessar.

" Amor começa tarde"

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'O amor é uma coisa, a vida é outra. A realidade pode matar, o amor é mais bonito que a vida. A vida que se lixe. Num momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre. Ama-se alguém. Por muito longe, por muito difícil, por muito desesperadamente. O coração guarda o que se nos escapa das mãos. E durante o dia e durante a vida, quando não esta lá quem se ama, não é ela que nos acompanha – é o nosso amor, o amor que se lhe tem. Não é para perceber. É sinal de amor puro não se perceber, amar e não se ter, querer e não guardar a esperança, doer sem ficar magoado, viver sozinho, triste, mas mais acompanhado do que quem vive feliz. Não se pode ceder, Não se pode resistir. A vida é uma coisa, o amor é outra. A vida dura a vida inteira, o amor não. Só um minuto de amor pode durar a vida inteira. E valê-la também. '

À espera . . .

daquele a braço , lembra?

"Calar é fina forma de amar"

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De todos os sentimentos humanos talvez seja o amor aquele que mais se adorne delicadamente.  Amor tende a botar reparo e engenho em nós. Necessita de limites precisos e só acontece de verdade, quando é naquela perfeita dose. Meio-copo, Dose insuficiente. Amor não é. Em dose demasiada, deixou de ser. Amor transforma qualquer normalidade em desequilíbrio. Tira-nos do eixo, dá nos insônia, faz-nos avesso, incomoda em excesso e ainda assim, sabemos que é esse o lugar certo para se estar. Vez ou outra, o amor caminha pelas ruas dos contrários dentro da gente e exige um espaço ainda-e-sempre vazio,  para que o outro seja refúgio quando necessário for. Porque amor , na dose certa, conhece os lugares exatos onde nossas estruturas trincam, onde nosso céu desaba e faz tudo ruir .  Há ainda , muito amor na contradição. Ela adoça nosso copo com umas pitadinhas de verdade, mostra quem amamos despido, na crua forma de sua natureza humana. Então, do outro,

Let me rain ...

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De tempos em tempos, a fragilidade inunda e a gente deságua violentamente.  Nesses dias a alma parece querer fugir, ir acontecer em outro canto.    Só que alma não sai para fazer visitas, apenas tenta. Cada tentativa de fuga a engasga e acaba por nos deixar às sós  com a nossa solidão.  É exatamente nessas horas que a vontade de quem amamos começa a cortar a carne como navalha. Vontades ardem ...  Há um suplício absoluto e íntimo nesses dias.  Gritamos surdamente pedindo um  colo , um abraço que abrande o caos absurdo de nossas ruas , c lamamos para que alguém seja o   silêncio  capaz de calar o alvoroço que invade nossos ouvidos.   Em meio à tantas surdas vontades,  a inundação continua  e amordaça nossa  alegria.  Nesse afogamento, quem aparece para o milagre da comunhão? Quem estende o braço que nos aporta de forma segura e não nos deixa arrastar pela  correnteza afora? A ausência de quem amamos nos momentos mais precisos torna o tempo mais imprevisível,

Liberdade.

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'Um amigo meu, já morto, dizia que gostava mais de gatos do que de cães porque não há gatos-polícia. Eu gosto de cães, mas julgo que os gatos seduzem os poetas porque os gatos – como a poesia, que é liberdade-livre – são seres livres. A sua domesticidade é aparente, a suficiente para poderem assegurar-se a liberdade. Pode ensinar-se tudo a um gato, menos a não ser um gato. J á viu algum gato deixar-se humilhar a fazer exercícios de circo?' Manuel António Pina

Na Ribalta.

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Há um quê de nostalgia nos olhos do palhaço enquanto percorre todas as idades.  Em que lugar do sonho perdeu seu nariz? Há uma inquietude na alma da bailarina .   Seus passos, tropeço.  O Caminho, só lâmina para aquela que andava sempre nas pontinhas dos pés.    Roubaram-lhe as sapatilhas.  Se não há nariz, o riso do palhaço é navalha.  Bailarina descalça corta o pezinho.   Já não brincavam.  Ele, condoía-se por não mais saber fazer rir. Ela, soube pela primeira vez como é  delicado e cruel ter os pés no chão.  Sangravam.   Sangue no picadeiro.  (...) Gotinhas vermelhas? Seria elas algum indício de seu nariz?   Ruborizou as bochechas, o tom era esperança .    Seguiu  tortos passos. Passos  ou o coração?  Encontro. Das mãos dela,  recebeu sua última gargalhada .  Tão harmonioso foi o riso que  a gravidade parou a ouvi-lo.    Abraçou novamente a alegria. Abraçou a moça.  Pediu-lhe sua última dança .  Tão leve a moça, em sua suavid

Do Cuidado.

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Porque a vontade de um cuidado   seu não cessa... Todos Enquantos - Teatro

Da travessia.

Silêncio corrompido é tremor,  febre na tênue cortina da pele. O  silêncio nos subtrai, pouco a pouco, aponta a fronteira do indizível. Suspende a respiração. Aumenta a sede.  Avança sobre nossas  fotografias  nunca antes reveladas, faz a memória de carrocel . Desconsidera  o tempo que há além-nós. Impiedoso, costura na carne o exato momento. É luz nas horas. De súbito, a vontade se amorna, e  se vê  cores no medo, medo nos olhos . Pela imprecisão dos ponteiros somos envolvidos.A brisa assoprada ao pé do ouvido... A brisa espalhando todo tipo de  vento, toda a fome. Fome anterior e perpétua, oblíqua das horas e das repetições todas.   Arrepio . Nossas esquinas. Becos e vielas. O contraste projetado na pele , fere.. Infinitas trilhas.  tantos caminhos e nenhum. Tantos caminhos e um só. Água esvaindo, invadindo nossas superfícies e poros. Estradas abertas. O dentro e o fora e o não-mais. Apalpamos o silêncio com nossos olhos . Fixamos o abraço . As tréguas? d e lado. O Fôlego? submerso

À Lá Cléo*

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Ser sensível nesse mundo requer muita coragem.Muita. Todo dia. Esse jeito de ouvir além dos olhos, de ver além dos ouvidos, de sentir a textura do sentimento alheio tão clara no próprio coração e tantas vezes até doer ou sorrir junto com toda sinceridade. Essa sensação , de vez em quando , de ser estrangeiro  e não saber falar o idioma local, de ser meio ET, uma espécie de sobrevivente de uma civilização extinta. Essa intensidade toda em tempo de ternura minguada. Esse amor tão vívido  em terra em que a maioria parece se assustar mais com o afeto do que com a indelicadeza.Esse cuidado espontâneo com os outros. Essa vontade tão pura de que ninguém sofra por nada. Esse melindre de ferir por saber, com nitidez, como dói se sentir ferido. Ser sensível nesse mundo requer muita coragem. Muita. Todo dia. Essa saudade , que às vezes faz a alma marejar , de um lugar que não se sabe onde é, mas que existe, claro que existe. Essa possibilidade de se experimentar a dor, quando a d

Du-vi-do !

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Tenho visto ideias muito interessantes que adaptam  sob o jugo da tecnologia e da animação gráfica,  ' obras de arte ' para a sala de aula com vistas à realidade dos alunos  de hoje,  o que sem dúvida, é um prato cheio para dinamizar qualquer aula maçante sobre a história da literatura,  da arte - tão correntes nas nossas escolas :Ensinam tudo, menos a apreciação estética,  a consciência  encantadora  diante de um objeto artístico.  Porém,  essa história de adaptar toda e qualquer linguagem artística aos leitores do novo tempo não interfere na fruição primária,  na magia e no estranhamento que acontece quando  há o contato direto  com um objeto de arte , sem intermédios de  novas e tecnológicas linguagens ?  A contemplação de uma obra-de-arte hoje, não deveria nos tirar do caos contínuo em que nos encontramos e nos lembrar que nosso tempo  está se esvaindo, assim como tudo que transformamos em exibicionismo  mercadológico e fast food?  Não sei, uma coisa é

Capitu [2]

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Em vez de ir ao espelho, que pensais que fez Capitu? Não vos esqueçais que estava sentada de costas para mim. Capitu derreou a cabeça, a tal ponto que me foi preciso acudir com as mãos e ampará-la; o espaldar da cadeira era baixo. Inclinei-me depois sobre ela, rosto a rosto, mas trocados, os olhos de um na linha da boca do outro. Pedi-lhe que levantasse a cabeça, podia ficar tonta, machucar o pescoço. Cheguei a dizer-lhe que estava feia;mas nem esta razão a moveu. - Levanta, Capitu! Não quis, não levantou a cabeça, e ficamos assim a olhar um para o outro, até que ela abrochou os lábios,eu desci os meus , e (...) [Machado de Assis]

25 Coisas sobre Mim.

1. Ainda assisto desenho animado. 2. Minha coleção de canecas falhou. Assim como a coleção de cartões telefônicos, tampinhas, tazos (só para quem nasceu nos anos 90), conchas, selos, adesivos, bolinhas de gude, canetas, cds, revistas. 3. Há quem diga que eu sou chata.Deixo a dúvida no ar. 4. Todos os meus animais de estimação morreram ou sumiram . 5. Sou viciada em séries adolescentes. 6. Tive um amigo imaginário chamado Marcelo. 7. Adoro poesia. 8. Se você é o tipo de pessoa que manda convites para jogos no Facebook, desculpe, mas nunca poderemos ser melhores amigos. 9. Das vontades que nunca irei realizar por falta de coragem estão: pintar o cabelo de vermelho-fogo; fazer uma tatuagem; comer alcachofra. 10. Das vontades que ainda sonho em realizar : Viajar por Sevilha; andar de montanha-russa ; ter filho; ter um jardim de orquídeas; ter uma biblioteca e uma cadeira de balanço; 11. Quebrei a cabeça de um guri com uma pedrada aos 10 anos . 12. Tive a cabeça quebrada por uma pe

Capitu.

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— É pecado sonhar?  — Não, Capitu. Nunca foi.  — Então por que essa divindade nos dá golpes tão fortes de realidade e parte nossos sonhos?  — Divindade não destrói sonhos, Capitu. Somos nós que ficamos esperando, ao invés de fazer acontecer.                                                                                             (Machado de Assis)

Elegia ao primeiro amigo..

Rio de Janeiro Seguramente não sou eu Ou antes: não é o ser que eu sou, sem finalidade e sem história. É antes uma vontade indizível de te falar docemente De te lembrar tanta aventura vivida, tanto meandro de ternura Neste momento de solidão e desmesurado perigo em que me encontro. Talvez seja o menino que um dia escreveu um soneto para o dia de teus anos E te confessava um terrível pudor de amar, e que chorava às escondidas Porque via em muitos dúvidas sobre uma inteligência que ele estimava genial. Seguramente não é a minha forma. A forma que uma tarde, na montanha, entrevi, e que me fez tão tristemente temer minha própria poesia. É apenas um prenúncio do mistério Um suspiro da morte íntima, ainda não desencantada... Vim para ser lembrado Para ser tocado de emoção, para chorar Vim para ouvir o mar contigo Como no tempo em que o sonho da mulher nos alucinava, e nós Encontrávamos força para sorrir à luz fantástica da manhã. Nossos olhos enegreciam lentamente de dor Nossos corpos duros
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                                    Pai,  o que sei é que gostaria de ter dado muitos outros passos contigo. Principalmente os de agora...

Posso escrever os versos mais tristes esta noite.

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Posso escrever os versos mais tristes esta noite. Escrever, por exemplo: “A noite está estrelada e tiritam, azuis, os astros à distância”. O vento desta noite gira no céu e canta. Posso escrever os versos mais tristes esta noite. Eu a quis e por vezes ela também me quis. Em noites como esta apertei-a em meus braços. Beijei-a tantas vezes sob o céu infinito. Ela me quis e às vezes eu também a queria. Como não ter amado seus grandes olhos fixos? Posso escrever os versos mais tristes esta noite. Pensar que não a tenho. Sentir que já a perdi. Ouvir a noite imensa mais profunda sem ela. E cai o verso na alma como o orvalho no trigo. Que importa se não pôde o meu amor guardá-la? A noite está estrelada e ela não está comigo. Isso é tudo. À distância alguém canta. À distância. Minha alma se exaspera por havê-la perdido. Para tê-la mais perto meu olhar a procura. Meu coração procura-a, ela não está comigo. A mesma noite faz brancas as mesmas árvore
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Essa nossa sintonia tem  cheiro de telepatia,  será isto magia?  Não sei! Mas arrepia...  [Vinicius de Moraes]

Da não-vontade

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A sutileza das sensações inúteis, As paixões violentas por coisa nenhuma, Os amores intensos por o suposto em alguém, Essas coisas todas — Essas e o que falta nelas eternamente —; Tudo isso faz um cansaço, Este cansaço, Cansaço.                                              (Álvaro de Campos)

Cansaço meio - amei-o .

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A despeito do que poderia os desavisados pensarem, amor e cansaço não são incompatíveis. As pessoas cansam de amar, cansam mesmo. Quando amar é uma luta inglória, é uma sede saciada a conta-gotas. . [Honoré de Balzac]

Aperto.

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  Sobre nós,  não desate nunca  os nós.

Da Poesia (hoje)

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A poesia moderna assume sua condição de transitoriedade e registra sua recusa à linguagem utilitarista, faz surgir a novidade da diferença num tempo que urge, já atravessado pelas utopias frustradas. Faz ecoar a voz silenciada de sujeitos perdidos em meio ao caos contemporâneo que eles mesmos criaram. Ler poesia nos tempos do agora é reconhecer-se perdido, incomodado diante do processo de desumanização para o qual estamos caminhando.

Do Clássico.

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O cânone  vem sofrendo constantemente o desprezo da academia e,  quando isso não ocorre, é tratado como coisa secundária, servindo de pretexto para qualquer outra leitura, menos a literária. Recupera-se a voz da minoria, silenciada ao longo história tentando calar a voz de um discurso dissoluto, que nunca teve dono nem senhor.  Certo é  que um clássico não existe  e nem transcende o tempo por mero acaso. Lembro-me dos 'contos de fadas'...De tantas  histórias que  ultrapassaram culturas  e correram os séculos  e , ainda hoje são reproduzidas, reinventadas , adaptadas . Por que será? O quê tem de especial nelas?    (...) ─ Como um livro deveria ajudar? ─ Acha que as histórias servem pra que? Essas histórias… Os Clássicos? Têm uma razão para nós os conhecermos. São uma maneira para lidarmos com o nosso mundo, um mundo que nem sempre faz sentido.  [Branca de Neve in série ' Once Upon a Time']

Da contra-ilusão

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Quando antagonizamos demais alguns discursos, levando o ' contraponto' ao ápice do radicalismo, acabamos por transformá-lo tendenciosamente no viés , não no reverso. É como se fosse a mesma coisa, mas ao contrário, como num jogo de reflexos de espelho.    Cá, estou, a observar os racismos sutis, o preconceito ao  avesso, o machismo velado,  espelhados nos discursos daqueles que - na ilusão de defender uma causa ( digna e necessária, obviamente), se perdem nas suas ineficiências diante das possibilidades da Linguagem, tão refratária quanto um espelho ao sol.

Da Falta

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Sinto falta de encontrar você no meio do caminho, de abrir um sorriso e ver o nosso abraço parar o tempo. De escutar você dizer meu nome.. De como observou que eu mexo a boca de um jeito quando penso na palavra certa para te dizer. Mas não digo, porque entre nós a ausência de palavras, nada mais é, do que respiração intensa..  De como eu me sentia em casa  (e como não me sinto hoje em lugar algum).  Do jeito que seu cabelo tem uma faixa luminosa sob a luz... Da cama aquecida . .. dos seus pés, de suas pernas, dos seus olhos , das suas mãos... Do futuro imaginado numa casinha no meio do nada , com jardim , lareira e café sempre fresquinho, onde receberíamos os amigos quando fôssemos velhos, onde contaríamos histórias aos nossos filhos e netos.  De pensar em coisas pra agradá-la, de sentir tua ansiedade e desassossego gritando no silêncio. De contemplar tua inteligência , provar tua timidez diante do meu olhar .  Mas  há  a saudade, de cada gesto, de cada poesia trocada e

Te encontro [em todas as ruas] te perco

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Poema Em todas as ruas te encontro em todas as ruas te perco conheço tão bem o teu corpo sonhei tanto a tua figura que é de olhos fechados que eu ando a limitar a tua altura e bebo a água e sorvo o ar que te atravessou a cintura tanto tão perto tão real que o meu corpo se transfigura e toca o seu próprio elemento num corpo que já não é seu num rio que desapareceu onde um braço teu me procura Em todas as ruas te encontro em todas as ruas te perco CESARINY, Mário. Pena capital . Lisboa: Assírio & Alvim, 1957.

50 Receitas...

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O que me dá raiva São as flôres E os dias de sol São os seus beijos E o que eu tinha Sonhado prá nós... [Leoni]

No dia Internacional do Livro : BC Para comemorar !!

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Muito me entusiasmei com a proposta de BC feita pela Aleska, afinal, trata-se de uma das coisas que mais amo nessa vida : Leitura. Porém, confesso que ao sentar agora para escrever esse texto , percebi o quão difícil será escrever sobre o meu autor preferido ! Simplesmente porque eles são vários – ... E o meu amor , de fases.. rs rs .  Bem, a leitura faz parte de minha vida desde que me entendo por gente. Dom Quixote e eu fomos ótimos companheiros de viagens pelas linhas mágicas da Literatura. E a literatura oral construiu os primeiros degraus dessa escadinha sem fim que é a leitura. Parando agora para pensar, desde criança eu já tinha certa predileção para a poesia . E não é à toa que os meus autores favoritos são todos poetas.  Quando adolescente, fuçando a biblioteca da escola, encontrei um livrinho da Florbela Espanca. Gostei do nome da autora e só por isso, peguei o livro pra ler. E não é que aquela menina encontrou na Florbela tudo aquilo que estava s