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Mostrando postagens de julho, 2013

Da Poesia (hoje)

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A poesia moderna assume sua condição de transitoriedade e registra sua recusa à linguagem utilitarista, faz surgir a novidade da diferença num tempo que urge, já atravessado pelas utopias frustradas. Faz ecoar a voz silenciada de sujeitos perdidos em meio ao caos contemporâneo que eles mesmos criaram. Ler poesia nos tempos do agora é reconhecer-se perdido, incomodado diante do processo de desumanização para o qual estamos caminhando.

Do Clássico.

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O cânone  vem sofrendo constantemente o desprezo da academia e,  quando isso não ocorre, é tratado como coisa secundária, servindo de pretexto para qualquer outra leitura, menos a literária. Recupera-se a voz da minoria, silenciada ao longo história tentando calar a voz de um discurso dissoluto, que nunca teve dono nem senhor.  Certo é  que um clássico não existe  e nem transcende o tempo por mero acaso. Lembro-me dos 'contos de fadas'...De tantas  histórias que  ultrapassaram culturas  e correram os séculos  e , ainda hoje são reproduzidas, reinventadas , adaptadas . Por que será? O quê tem de especial nelas?    (...) ─ Como um livro deveria ajudar? ─ Acha que as histórias servem pra que? Essas histórias… Os Clássicos? Têm uma razão para nós os conhecermos. São uma maneira para lidarmos com o nosso mundo, um mundo que nem sempre faz sentido.  [Branca de Neve in série ' Once Upon a Time']

Da contra-ilusão

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Quando antagonizamos demais alguns discursos, levando o ' contraponto' ao ápice do radicalismo, acabamos por transformá-lo tendenciosamente no viés , não no reverso. É como se fosse a mesma coisa, mas ao contrário, como num jogo de reflexos de espelho.    Cá, estou, a observar os racismos sutis, o preconceito ao  avesso, o machismo velado,  espelhados nos discursos daqueles que - na ilusão de defender uma causa ( digna e necessária, obviamente), se perdem nas suas ineficiências diante das possibilidades da Linguagem, tão refratária quanto um espelho ao sol.

Da Falta

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Sinto falta de encontrar você no meio do caminho, de abrir um sorriso e ver o nosso abraço parar o tempo. De escutar você dizer meu nome.. De como observou que eu mexo a boca de um jeito quando penso na palavra certa para te dizer. Mas não digo, porque entre nós a ausência de palavras, nada mais é, do que respiração intensa..  De como eu me sentia em casa  (e como não me sinto hoje em lugar algum).  Do jeito que seu cabelo tem uma faixa luminosa sob a luz... Da cama aquecida . .. dos seus pés, de suas pernas, dos seus olhos , das suas mãos... Do futuro imaginado numa casinha no meio do nada , com jardim , lareira e café sempre fresquinho, onde receberíamos os amigos quando fôssemos velhos, onde contaríamos histórias aos nossos filhos e netos.  De pensar em coisas pra agradá-la, de sentir tua ansiedade e desassossego gritando no silêncio. De contemplar tua inteligência , provar tua timidez diante do meu olhar .  Mas  há  a saudade, de cada gesto, de cada poesia trocada e

Te encontro [em todas as ruas] te perco

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Poema Em todas as ruas te encontro em todas as ruas te perco conheço tão bem o teu corpo sonhei tanto a tua figura que é de olhos fechados que eu ando a limitar a tua altura e bebo a água e sorvo o ar que te atravessou a cintura tanto tão perto tão real que o meu corpo se transfigura e toca o seu próprio elemento num corpo que já não é seu num rio que desapareceu onde um braço teu me procura Em todas as ruas te encontro em todas as ruas te perco CESARINY, Mário. Pena capital . Lisboa: Assírio & Alvim, 1957.