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Mostrando postagens de 2016

Calor.

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Calor. Respire. Incômodo cansaço - do dia, da vida. Deite-se. O livro. O gato à janela procura a  noturna brisa. Na sala, alguém  rastreia canais na tv.   É  primavera Mas a noite morna , morna  dá naúsea  e não flor.  Nos teus ouvidos, J ohnny Cash. A noite  segue quente.  Embora  esse céu escuro e esse frio no coração lhe afirmem   o contrário. O gato à janela.  O livro. Deite-se.  Respire. Adormeça.

Crise

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   É, os tempos não estão mesmo fáceis para o sonhadores... São mesmo dias truculentos, em que contos de fadas- repletos de cuidado estético, literário, lúdico-  são censurados por , supostamente, agredirem à infância com suas histórias carregadas de "violência"   e letras de músicas ( se é que assim, posso chamar), paupérrimas, linguisticamente falando :  dá sintaxe à semântica, elevam-se como objetos de denúncia às opressões, como mecanismos de conscientização política, social, história, de gênero, etc etc etc. Estar a pensar nisso causa-me " cansaços"  dignos de Álvaro de Campos...  E só me resta acordar com um outro poeta, um menino que muito sabia..." Coisa que não acaba no mundo é gente besta e pau seco" ( manoel de Barros). Não à toa, o mundo anda às avessas...

Intervalo (amor) oso

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O que fazer entre um orgasmo e outro, quando se abre um intervalo sem teu corpo? Onde estou, quando não estou no teu gozo incluído? Sou todo exílio? Que imperfeita forma de ser é essa quando de ti sou apartado? Que neutra forma toco quando não toco teus seios, coxas e não recolho o sopro da vida de tua boca? O que fazer entre um poema e outro olhando a cama, a folha fria? É como se entre um dia e outro houvesse o vago-dia, cinza, vida igual a morte, amortecida. O poema, avulso gesto de amor, é vão recobrimento de espaços. O poema é dúbia forma de enlace, substitui o pênis pelo lápis - e é lapso. Affonso Romano de Sant'anna.

Da maternidade

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Filme : O Olmo e a Gaivota - Petra Costa   Confesso que a ideia da maternidade me assombra. às vezes penso ter propensão natural à ela e a possibilidade de não -realização disso já me põe paranoica. Mas , fato é, que o terror perpassa todos os ângulos:  a estranheza , a vulnerabilidade, a imagem romancizada da gravidez.  Quero ser mãe.  às vezes minha natureza grita por isso. Porém, incomoda-me a divulgação da maternidade como o fator supremo de realização da feminilidade,  como "dádiva" .  Afinal, não ser mãe não faz de mim menos mulher. " Há muitos lugares-comuns acerca da maternidade; a maior parte deles, por inércia ou simples cobardia, vai-se sedimentando até se tornar verdade absoluta. Nenhum desses equívocos é, por assim dizer, tão falso e absurdo como a imediata emergência do amor filial. É certo que muitas mulheres, com propensão para o drama, choram de emoção mal vislumbram o ser que lhes escorre das entranhas. Ainda os meninos, olhos inc