Estou à primavera das sensações indóceis. Florações extremas e, no entanto, mudas, só eloquentes de silêncio e olhar. Discretamente solitária, aguardo pela ventania inconfidente da alma, a fim de que ela cante minhas proezas, revele minhas histórias, as sonhadas e as vividas. Minha quietude é de bosques que trazem a urgência dos verdes, revivendo a cada estação, o definitivo da vida. Cresço inesperadamente nessa temporada, feita de noites arrastadas, consumida no ópio de palavras silenciadas pelo medo de morrer de amor. A estrada desses mornos dias é longa demais, a rotina é uma reta que desejo bifurcar porque sonho com curvas de mulher.Sonham as curvas comedidas em mim. Mesmo calando sussurros, palavras, frases inteiras, orquestro-me, alcanço as estrelas dos meus delírios, agigantada por dores e agonias, por ilusões , sóis temporais, secretamente difundida nas minhas entranhas, nas dimensões multiplicadas dos meus eus. Minha natureza sabe que, a despeito de quaisquer rios