Let me rain ...
De tempos em tempos, a fragilidade inunda e a gente deságua violentamente.
Nesses dias a alma parece querer fugir, ir acontecer em outro canto.
Só que alma não sai para fazer visitas, apenas tenta. Cada tentativa de fuga a engasga e acaba por nos deixar às sós com a nossa solidão.
É exatamente nessas horas que a vontade de quem amamos começa a cortar a carne como navalha. Vontades ardem ...
Há um suplício absoluto e íntimo nesses dias. Gritamos surdamente pedindo um colo , um abraço que abrande o caos absurdo de nossas ruas , clamamos para que alguém seja o silêncio capaz de calar o alvoroço que invade nossos ouvidos.
Em meio à tantas surdas vontades, a inundação continua e amordaça nossa alegria.
Nesse afogamento, quem aparece para o milagre da comunhão? Quem estende o braço que nos aporta de forma segura e não nos deixa arrastar pela correnteza afora?
A ausência de quem amamos nos momentos mais precisos torna o tempo mais imprevisível, aumenta a tempestade, impulsiona as enchentes, dá truculência ao mar. E se o mar está revolto, choremos sua imensidão. Até porque o amor é uma coisa e a vida é outra...
A vida sempre terá seus tormentos, independente da gente ter ou não um amor , um alguém de braços estendidos e coração à espera para acolher nossa implacável solidão.
Afeto distante é lâmina , é ausência que estraçalha.
Já não imploremos pelo o outro ...
Já não imploremos pelo o outro ...
Saibamos chover. Às vezes o céu desaba e é preciso força para que a beleza da verdade em nós não escorra numa enchente e termine num bueiro qualquer, por mais que doa a falta de um cuidado, por mais que nos doemos por nos doar constantemente ao outro.
Nem toda a alma possui a leveza do reconhecimento. Deixemos-nos chover com verdade. Esperança em dias tão-úmidos também é milagre. E a verdade nos recomeçará milagrosamente. Eu creio.
Nem toda a alma possui a leveza do reconhecimento. Deixemos-nos chover com verdade. Esperança em dias tão-úmidos também é milagre. E a verdade nos recomeçará milagrosamente. Eu creio.
Achei esse verso aki genial: "Nesses dias a alma parece querer fugir, ir acontecer em outro canto. " Se eu tivesse lido isso há algumas semanas atrás me identificaria totalmente. Esse outro tb marcou muito: " Saibamos chover. Às vezes o céu desaba e é preciso força para que a beleza da verdade em nós não escorra numa enchente e termine num bueiro qualquer, " coloquei lá no facebook pra divulgar.
ResponderExcluirFico feliz em saber que gostou do texto, Alê. Vejo muita beleza na desistência e na aceitação da tristeza, não podemos estar acima do bem e do mal n é mesmo? É bom viver a dor tb, faz nos esperar com força o amanhã. Abraços! Obrigada!
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