Frêmito do meu corpo a procurar-te.
Febre das minhas mãos na tua pele
Que cheira a âmbar, a baunilha e a mel,
Doído anseio dos meus braços a abraçar-te,
Olhos buscando os teu por toda a parte,
Sede de beijos, amargor de fel,
Estonteante fome, áspera e cruel,

Que nada existe que a mitigue e a farte!
E vejo-te tão longe! Sinto tua alma
Junto da minha, uma lagoa calma,
A dizer-me, a cantar que não me amas...
E o meu coração que tu não sentes,

Vai boando ao acaso das correntes,

Esquife negro sobre um mar de chamas...

Florbela Espanca



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