Sinto falta de te encontrar no meio do caminho, de abrir um sorriso e ver o nosso abraço parar o tempo. De escutar você dizer meu nome.. De como observou que eu mexo a boca de um jeito quando penso na palavra certa para te dizer. De como eu me sentia em casa (e como não me sinto hoje em lugar algum). Do jeito que seu cabelo tem uma faixa luminosa sob a luz... Da cama aquecida . .. dos seus pés, de suas pernas, dos seus olhos , das suas mãos... Do futuro imaginado numa casinha no meio do nada , com jardim , lareira e café sempre fresquinho, onde receberíamos os amigos quando fôssemos velhos, onde contaríamos histórias aos nossos filhos e netos. De pensar em coisas pra agradá-la, de sentir tua ansiedade e desassossego gritando no silêncio. De contemplar tua inteligência , provar tua timidez diante do meu olhar . Mas há a saudade, de cada gesto, de cada poesia trocada e tocada em nós. De cada sono teu . Mas há a saudade. E essa pesa bem mais que o desgosto de saber meu destin
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Calor.
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Calor. Respire. Incômodo cansaço - do dia, da vida. Deite-se. O livro. O gato à janela procura a noturna brisa. Na sala, alguém rastreia canais na tv. É primavera Mas a noite morna , morna dá naúsea e não flor. Nos teus ouvidos, J ohnny Cash. A noite segue quente. Embora esse céu escuro e esse frio no coração lhe afirmem o contrário. O gato à janela. O livro. Deite-se. Respire. Adormeça.
Crise
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É, os tempos não estão mesmo fáceis para o sonhadores... São mesmo dias truculentos, em que contos de fadas- repletos de cuidado estético, literário, lúdico- são censurados por , supostamente, agredirem à infância com suas histórias carregadas de "violência" e letras de músicas ( se é que assim, posso chamar), paupérrimas, linguisticamente falando : dá sintaxe à semântica, elevam-se como objetos de denúncia às opressões, como mecanismos de conscientização política, social, história, de gênero, etc etc etc. Estar a pensar nisso causa-me " cansaços" dignos de Álvaro de Campos... E só me resta acordar com um outro poeta, um menino que muito sabia..." Coisa que não acaba no mundo é gente besta e pau seco" ( manoel de Barros). Não à toa, o mundo anda às avessas...
Intervalo (amor) oso
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O que fazer entre um orgasmo e outro, quando se abre um intervalo sem teu corpo? Onde estou, quando não estou no teu gozo incluído? Sou todo exílio? Que imperfeita forma de ser é essa quando de ti sou apartado? Que neutra forma toco quando não toco teus seios, coxas e não recolho o sopro da vida de tua boca? O que fazer entre um poema e outro olhando a cama, a folha fria? É como se entre um dia e outro houvesse o vago-dia, cinza, vida igual a morte, amortecida. O poema, avulso gesto de amor, é vão recobrimento de espaços. O poema é dúbia forma de enlace, substitui o pênis pelo lápis - e é lapso. Affonso Romano de Sant'anna.