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Mostrando postagens de setembro, 2013

De Capitu ...

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"Não soltamos as mãos, nem elas se deixaram cair de cansadas ou de esquecidas. Os olhos fitavam-se e desfitavam-se, e depois de vagarem ao perto, tornavam a meter-se uns pelos outros… Padre futuro, estava assim diante dela como de um altar, sendo uma das faces a Epístola e a outra o Evangelho. A boca podia ser o cálix, os lábios a patena. Faltava dizer a missa nova, por um latim que ninguém aprende e é a língua católica dos homens. Não me tenhas por sacrilégio, leitora minha devota a limpeza da intenção lava o que puder haver menos curial no estilo. Estávamos ali com o céu em nossas mãos, unindo os nervos, faziam das duas criaturas uma só, uma só criatura seráfica. Os olhos continuaram a dizer cousas infinitas, as palavras de boca é que nem tentavam sair, tornavam ao coração caladas como vinham…" Machado de Assis

Olhos nos olhos....

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Da amizade.

Tenho me assustado com a maldade e também muito com a bondade excessiva. Não compreendo pessoas que forçam as coisas, as situações para se mostrarem agradáveis, prestativas.  Assusto-me mais ainda com aquelas pessoas que tratam o outro como mercadoria . Amigo é objeto de posse. Cerceada a liberdade , o amigo não pode mostrar sintonia de afinidades com outra pessoa. Certamente ele foi roubado de forma fria e calculista por outrem. Certamente, ele também não tem vontades, não sente e não pensa. É gente ou robô?  Amigos escolho não pela idade, mas pela singularidade de alma. E por eles sou escolhida. É questão de encontro, de estar dentro. De ser verdade antes e sempre. E de perceber o outro com sangue na veia e tudo – não apenas como refúgio para descanso dos meus dilemas e fraquezas. Quem diz o contrário, muito está por fora.  e Dificilmente segura 'um olhar que demora'.

Da Alma.

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Esquisito o que vou dizer: a alma é uma biblioteca. Nela se encontram as estórias que amamos. Romeu e Julieta, Abelardo e Heloísa, O paciente inglês, As pontes de Madison, Amor nos tempos do cólera, A menina e o pássaro encantado. As estórias que amamos revelam a forma do nosso desejo. Rubem Alves in “O AMOR QUE ACENDE A LUA – Aos Apaixonados”

Só sei ...

Ele queria explicar a nossa história. Eu também queria entender. Tanto tempo,   tantos encontros e ainda não descobrimos as razões. Por que gosto dele? Talvez por causa da calma bonita bordada em sua  voz,  por suas falas, que sintonizam tanto com as minhas (...) Talvez a causa esteja nos efeitos líricos que me assaltam todas as vezes que o vejo e na poesia que nos anuncia, sempre-e-tanto? Não sei. Quem sabe seja por causa daquela delicadeza que  exala quando  fixo nele o meu olhar,  e percebo um quê de abando em seus olhos e ainda,  aquela fragilidade escondida que só eu vejo..  Talvez ame os  medos que ele nem sabe, mas sente. Estar com ele é sempre como atravessar-me. É andar por Sevilha. É estar no  Pont des Arts . Quem sabe  eu goste dele por alguma coisa muito mais simples. Talvez porque meu acolhimento  alcança e abraça sua melancolia. Talvez porque abraçando, sinto abraçada a solidão que é só minha. Não sei. Não. .. Desconfio que também não seja por

Quero.

Quero o primeiro bom-dia.  E poesia compartilhada como presente. Quero ir às compras todo fim de mês.E as suas  palavras mais acertadas para a minha coragem. Quero um abraço teu em meio à chuva.  Quero ainda aprender a cozinhar. Dividir o sofá e ver o jogo do SPFC , quero levar o cachorro que nem tenho para passear, quero mãos dadas, quero ver um filme , quero nem ver o tal filme. Quero ler . Que o livro também nos seja uma forma de comunhão. Quero a doce certeza de que ao estender as mãos encontrarei as tuas, quero telefonemas inesperados, recadinhos na geladeira e sms que anunciem cuidado. Nada de  flores, apenas um ipê-roxo na nossa janela. Quero estender a toalha da mesa enquanto você põe os pratos, quero um vinho tinto, quero você a tocar violão, quero contar da minha infância, quero ouvir sobre o seu dia, quero entrelaçar os dedos, quero velar o teu sono, aparar em teu corpo a nossa eternidade até a próxima manhã. e a próxima. e a próxima... sem cessar.

" Amor começa tarde"

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'O amor é uma coisa, a vida é outra. A realidade pode matar, o amor é mais bonito que a vida. A vida que se lixe. Num momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre. Ama-se alguém. Por muito longe, por muito difícil, por muito desesperadamente. O coração guarda o que se nos escapa das mãos. E durante o dia e durante a vida, quando não esta lá quem se ama, não é ela que nos acompanha – é o nosso amor, o amor que se lhe tem. Não é para perceber. É sinal de amor puro não se perceber, amar e não se ter, querer e não guardar a esperança, doer sem ficar magoado, viver sozinho, triste, mas mais acompanhado do que quem vive feliz. Não se pode ceder, Não se pode resistir. A vida é uma coisa, o amor é outra. A vida dura a vida inteira, o amor não. Só um minuto de amor pode durar a vida inteira. E valê-la também. '

À espera . . .

daquele a braço , lembra?